quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quero...



A lua me acolhe nua em seu leito manso
Coração pulsante da Terra em meu peito bate
Quero o tudo, o além, o aquilo que não tem nome
Nem cara, nem verbo, nem nada, sem sentido...
Quero o gosto da vida na ponta da língua insaciável a me beber em largos goles
O som do mar a entoar minha alma sã em corpo insano...
Quero muito além do que os olhos vêm, os braços alcançam e o corpo sente
Só quero o vento afagando meus cabelos sem cuidado
E a sábia calma da noite com toda a magia que me cabe.

Valeska de Gracia

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Caminhando


O comum não me sacia e a rotina me entedia.
Não sei viver de pequenos passos, mas tento.
Meu coração está sempre gritando mais do que devia.
Sou impulsiva, às vezes até compulsiva, contudo sei voltar ao centro.
Não sei tomar medidas comedidas, ou tudo ou nada.

Estou aprendendo, mas não sei se quero...
Existe um laço frouxo que me ata ao mundo
Um espaço vago que me aparta dele (mundo)
Um passo incerto que me faz acertar



Um astro errante que me guia às cegas
Insistindo em alargar as distâncias
Dentro das estâncias que me devia ajustar
Percorro sem temor, mas com a cautela de quem sabe...

Mas já caminhei por nuvens, sem me incomodar.

Pareço com algo que gostaria de ser
E sou muito melhor do que poderia imaginar.
A experiência certifica o erro, assim me permito seguir
A perfeição já não me atrai como antes...
A melhor semente nem sempre dará o melhor fruto.
Isso a vida também me ensinou.


Valeska de Gracia

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Noite

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Sem Desculpas.





Sem Desculpas.

Não, não vou me desculpar...
Por sofrer de total intolerância a abusos
E ter vontade de jogar tudo para o alto
Quando invadida em meu espaço sagrado
Por sentir medos, raivas, insônias, vontades, desejos e desesperos.
Não, não vou me desculpar...
Por querer ter alguém especial e crer que isso é infinitamente mágico!
Por acreditar que amar sempre vale à pena e estar sempre disposta a recomeçar quantas vezes forem necessárias, desde que seja amor e recíproco.
Não, não vou me desculpar...
Por falar às verdades que me doem podendo também machucar quem mais amo
De gritar quando meu coração explode sem estancar a emoção
E de não conseguir dissimular quando seria prudente fazê-lo.
Não, não vou me desculpar...
Por ser mulher no mais profundo sentido da palavra
Uma mulher diferente sim, incisiva, impulsiva, inquisitiva
Por não ser a mais doce das criaturas quando brava
Contudo tão feminina e companheira como poucas.
Não, não vou me desculpar...
Por ser incrivelmente apaixonada e terrivelmente acometida de sinceros sentimentos de amor,
Ainda que de modo instintivo e um tanto possessivo.
Não, não vou me desculpar...
Pois quero poder ser aceita do jeito que sou, e se não puder ser, quero saber que apesar de toda minha palavra cortante, da minha insanidade mansa, da minha atitude indomável, sou fiel a mim e ao que sinto!
Isso me faz saber que sou simplesmente única, exclusiva, completamente ímpar, intensa, total.
Assim retomo meu poder, meu respeito, zelo por mim e mantenho a integridade do meu ser,
Mesmo esta não sendo a minha melhor parte é um pouco do que sou...
Por que entendo que acolhendo minha sombra, me reconheço Luz!
Não, não vou me desculpar.

Valeska de Gracia

sábado, 24 de março de 2012

CODIFICADA


Nas frestas entre as palavras
Nas pausas dos dizeres, me desvendo
Tente encontrar-me por entre as vírgulas
Embora elas pouco me expressem
Sou mais as reticências...
Pois sempre tenho um algo mais
Aquele além, que procura me descobrir
Vem me encontrar nas entrelinhas
Não me escondo, insinuo
Assim me revelo...
Já não sei se sou entendida
Mas quero ousar, tentar
Antes de qualquer despedida
Quero ser lida, relida
E reinventada se preciso for
Mas não desista da minha leitura
Sei, sou codificada, mas para ti serei nítida
Se me quiseres decifrar do fundo de tua alma!

Valeska de Gracia

OLHOS

Em meus olhos...
Moro em meus olhos
Espelham meu coração
Quer saber como me sinto?
Olha-me nos olhos e me verás toda!
Em meus olhos estou íntegra
Entregue, visivelmente eu
Olha-me nos olhos verdadeiramente
Mira-me profundamente
Compreenderás meu coração
Sinta-me
Desnuda-me
Mergulha-me
Basta um olhar intenso e me encontrarás.

Valeska de Gracia

sábado, 4 de fevereiro de 2012

CAVALGANDO O AMOR


Uma singela e despretensiosa homenagem ao Mestre Netuno que em sua jornada sempre tentou nos ensinar sobre o AMOR em todos os níveis e nuances.


O AMOR

Não tenho a pretensão de desvendar o mistério do que seja o Amor, mas se me permitem me atrevo a tentar. Algumas vezes ele vem com uma roupagem de paixão, outras vezes de amizade, e tantas outras de um sonho enevoado.  A ilusão do amor é uma verdade forjada pela fé, aquele que o sente, acredita e vivencia cada ardor, cada suspiro, cada sentido, essa é a sua verdade, portanto, ele existe mesmo na ilusão. Podemos achar que o amor é uma doença, pois às vezes ele nos dói. Achamos que é cura, afinal nos deixa viçosos, vigorosos e felizes. Pressentimos que é mergulho, pois nos aprofunda mais e mais em nós mesmos e no outro, em descobertas mútuas, em um espelho de águas emocionais. 
O amor é liberdade, mas também cárcere, embora muitas vezes auto-imposto, com direito a deleites... Sentimos que é ternura, mas também apego, que não quer perder o paraíso, o doce sabor do mel, o gosto do Éden. Carregamos suas marcas, como garras em carne viva quando é paixão sem medida, dilaceramos a alma, e muitas vezes pecamos em nome do Amor. Quando é calmaria, nos faz iluminados e serenos, mais sábios, esquecidos do "eu", empenhados no "nós". Sendo doação, deve ser incondicional, nos deixando vulneráveis e humildes, assim sendo pede devoção, sacrifício.
Ele parece plácido, mas é intensamente visceral! E mesmo quando suave e desinteressado, tem a força de mil Hércules, e sentimos seus compassos no peito a nos conduzir, sem temor ao maior dos precipícios. Possui um código indecifrável em um compartimento secreto de nosso ser, que nos realimenta a cada despedida, a cada recomeço.
Tentamos a todo o custo dominá-lo, mas o Amor é um cavalo selvagem, que quando galopa ao nosso encontro não pede licença, carrega tudo que está a sua frente, a sensatez, a timidez e o senso prático, só quer viver, celebrar, existir. Nem tente controlá-lo, ele que nos conduz, vem quando quer vir, parte quando quer partir, nos leva onde estiver disposto a chegar e vai alucinadamente nos cavalgando, neste imenso mar de incertezas. É um sonho que não se deixa despertar facilmente, nos embala em seu aconchego nos fazendo plenos, confiantes.
Não se engane o amor é uma REAL ilusão, não sabemos seus desígnios, só respondemos seu chamado. Sua ilusão é pura, inocente. 
O Amor sempre sabe como caminhar, por onde seguir e embora seus passos pareçam cegos, o destino dele é um só...
O CORAÇÃO ABERTO.

Valeska de Gracia

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

IMPERFEITA


Me liberto da (im)perfeição
Dispenso esse estigma
Solto esse peso
Abandono essa prisão

 Arranco as garras da imperfeição
Arrebento as algemas da perfeição
Quero ser absoluta!
Minha humanidade me persegue 

O incauto não surpreende
 Minha sanidade pune
E a culpa me subjuga
Inocente ou indecente
Seja como for
Honro meu destino
Às vezes a vida me abisma
Meus sismos me destroem
Reconstruo
Reafirmo
Uma errante incerta
Sem rumo, sem chão
Mas íntegra em sua
Perfeita imperfeição.


Valeska de Gracia

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Guerreira Loba


O coração pulsa
A alma loba uiva
A mulher guerreira grita
Há um (en) canto no ar...
As duas ofegam em mim
Somos uma só chama
As colinas me buscam
O céu me cobre de brisa
As estrelas me seguem
Meus olhos loba são lua
Meus olhos mulher são sol
O longe mora em meu coração
Posso tocar as distâncias...
Já não importa a estrada
O horizonte me expande
Avanço campos
Alcanço mares
Cavalgo minhas feras
Atravesso meus portais
Sou a guerreira loba
Que vive e morre
Do melhor e do pior
Que há em mim
Todos os dias
E a cada dia mais
Seguindo o chamado
Retirando meus espinhos
Curando minhas feridas
Mirando minhas flechas
Enfrentando meus abismos.




Valeska de Gracia

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

AQUELA...



Aquela...

Sou aquela
Que metade agoniza
Metade viceja

Meio santa
Meio devassa
Mas que sabe amar...

Eu sou aquela
Que invade
Que se deixa invadir
Mas preserva o Ser

Que tem sensações
Que enlouquece
Mas não esquece
Das verdadeiras intenções

Eu sou aquela...
Aquela que retalha
A carne das paixões
Perseguindo a Luz que nasce
Da entrega total e intensa

Eu sou apenas
Mais uma...
Que oscila entre a
Luz e as trevas
Êxtase e contenção
Vigília e perdição...

Sou só aquela
Que sangra a alma
Com o punhal da
Consciência Maior
Com dúvidas e fé!


Valeska de Gracia